INOMINÁVEL REALIDADE
Como é de hábito após o almoço do domingo quando estou em Caraguatatuba, dou uma passada pela avenida da praia pra ouvir música.
Procuro um Kiosque onde sei que há boa música.
Estávamos, eu e uma amiga, eu tomando meu vinho, ela um suco de maracujá, distraídas com a música, chega um amigo nos cumprimenta, chega outro, elogia o cantor, que canta muito bem, e encanta a todos.
E a tarde continuou assim, papo vai papo vem, tudo parecia normal, até que, um jovem Nigeriano abordou um casal com seu mostruário de bijuterias que ele vende na beira Mar. O rapaz é conhecido de todos nós e sente-se à vontade pra oferecer seus produtos. Assim ele ganha a vida, dizendo que o dinheiro que ganha, parte ele compra comida pra sua sobrevivência aqui no Brasil, mas o maior montante ele envia pra sua família que deixou na Nigéria, pra quem não sabe, um dos países da África. De repente, uma de minhas amigas, incomodada com a magreza do jovem, oferece-lhe uma prato e o convida servindo-o com tudo que havia de melhor pra comer e beber à mesa.
Nesse momento, eu assisti a pior cena que vi na minha vida, e, eu já vi quase tudo. Um dos homens levantou-se e disse ao jovem: Levanta dessa mesa negro imundo! Volta pra sua terra! O que pensa que é pra sentar-se à mesa conosco? Lixo! Sai daqui e deixe o prato onde está.
Não estou aqui pra sustentar vagabundo de outro país, principalmente um negro!
Todos que estavam à mesa se levantaram. Eu comecei a chorar e tremer de dor, dor nas entranhas, dor na alma, dor pelo jovem Nigeriano, dor pela amiga por ter um companheiro nazista, fascista, racista, egoísta, doente da alma, doente de civilidade, doente de ódio!
Ela permaneceu alí estática sem reação, sem esboçar uma gesto, ou palavra, foi onde percebi que ela estava com medo. Medo daquele ser desprezível, desumano e totalmente insano. Ela estava com medo da agressão física e com certeza ficou bem claro, que ele a agride tal o pânico que sentia. Eu e meus amigos não sabíamos por onde começar. O jovem tremia e com olhar suplicante pediu desculpas àquele demônio com aparência de gente, juntou sua pasta e afastou-se do tumulto que se formou em torno do acontecido. Olhei bem dentro dos olhos daquele animal sem classificação e disse chorando, você pra mim acabou aqui.estou nesse momento enterrando a amizade e o respeito por você juntamente com seu ódio no mais profundo que possa, pra que não o encontre mais no meu caminho. Corri atrás do jovem Nigeriano e perguntei-lhe se queria denunciar aquele ser imundo. Ele disse: Não! Eu estou acostumado a passar por essa humilhação no Brasil. Aqui têm muita gente boa, Também gente muito má e racista. Insisti eu e meus amigos encorajando-o a fazer a denúncia, mas, ele se negou à nos acompanhar.Afastou-se cabisbaixo carregando consigo seu material de trabalho e sumiu em meio à multidão. Nada pudemos fazer. Sem consentimento da vítima não há como fazer a denúncia, ele poderia negar na frente do delegado, pelo medo de ser perseguido pelos comerciantes da praia.
Estamos vivendo o pior dos tempos. Antes havia a ignorância de nada saber. Hoje, com toda tecnologia nada se sabe! Não conhecemos às pessoas com as quais convivemos...
19:11 22/11/2015
Regina cnl